O chamado Movimento Democrático Brasileiro (ou MDB), enquanto partido político brasileiro, foi criado, em 1966, para abrigar todos que se posicionavam contra ditadura militar e que defendiam a volta da democracia no Brasil. Ele surgiu a partir da fusão de políticos do PTB, PSD e PDC, além de membros clandestinos do PCB. Ao longo dos anos tornou-se uma força política importante, representando uma resistência à ditadura e lutando pela redemocratização do país.
Historicamente, o povo brasileiro reconhece esse papel, mas, sem perder de vista outras características que se agregaram à identidade do partido. Hoje, o partido tem sido mais frequentemente associado ao fisiologismo – uma prática comum na política partidária do país – especialmente devido sua longa história de adaptabilidade a diferentes contextos políticos, sociais e ideológicos.
O fisiologismo refere-se à prática de políticos e partidos que priorizam, tão somente, a obtenção e manutenção de cargos, recursos e poder de influência, em detrimento de compromissos ideológicos ou programáticos preestabelecidos – isto é, uma questão objetiva de sobrevivência partidária na arena política brasileira.
Para Max Weber, o partido é “uma associação que visa a um fim deliberado, seja ele objetivo, como a realização de um plano com intuitos materiais ou ideais, seja pessoal, destinado a obter benefícios, poder e, consequentemente, glória para os chefes e sequazes, ou então voltado para todos esses objetivos conjuntamente”. Assim, o “fisiologismo emedebista” age para priorizar a busca e manutenção do poder e influência política em detrimento de ideologias ou programas partidários consistentes em qualquer governo.
Ou seja, não se trata de julgar se tal postura é certa ou errada. Mas é, sim, uma estratégia partidária para a acomodação pragmática às circunstâncias políticas, que garante ao partido estabelecer alianças e posições, intencionalmente planejadas para assegurar nichos de poder dentro de um contexto político que, diretamente, venha a lhe favorecer na governança pública.
Porém, é importante ressaltar que, numa perspectiva weberiana, essa prática é comum entre os partidos brasileiros, já que é vista como uma busca por cargos e benefícios, mesmo que poucos deles ainda mantenham uma plataforma ideológica consistente – p.ex. os de centro-esquerda.
No “fisiologismo emedebista”, o partido se comporta como um “camelão da política”, que muda a tonalidade de pele – quero dizer, de lado – conforme o seu interesse objetivo e imediato. Ou seja, se não governar, sempre fará parte do governo, independentemente de ideologia. A lógica é simples: antes ser um “vice de luxo” do que ser “bucha de oposição” – onde pode ser usado como ferramenta ou marionete por outros, sem autonomia ou vontade própria, vivendo de migalhas.
Logo, na condição de “camaleão da política”, o partido não se permite ficar fora do governo. Por isso, as práticas dos seus representantes visam sempre ocupar espaço na governança, sem fastio pelo poder, independente de quem ou do partido que esteja no comando político – a nível nacional, estadual e, principalmente, municipal.
Assim, o MDB modela os seus representantes, mesmo se definindo como um partido de centro, aberto ao diálogo e à democracia, buscando representar a média do eleitor brasileiro, angariar espaço de poder e respeitar as características de cada região. Essa é a imagem partidária para o externo, porque nos bastidores da política, como partido fisiologista, o MDB utiliza a sua capacidade de se aliar a diferentes forças políticas para garantir a presença no governo, além de ideologias específicas.
Portanto, sem juízo de valor moral, o MDB navega no mundo político ao sabor dos seus interesses objetivos. Sempre com um pé na situação e outro acenando à oposição, totalmente focado está no poder.
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