O Piauí registrou o maior percentual de crimes ambientais relacionados à fauna entre nove estados brasileiros que compartilharam dados com a Rede de Observatórios de Segurança. Segundo o levantamento, 67,89% das infrações ambientais contabilizadas no estado entre 2023 e 2024 envolvem animais silvestres, o maior índice entre as unidades federativas analisadas.
Além do Piauí, o estudo considerou informações enviadas por Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Ao todo, foram mais de 41 mil ocorrências registradas no período. O relatório foi elaborado com base em dados repassados pelas secretarias estaduais de segurança pública.
No comparativo entre os estados, cada um se destacou por diferentes tipos de infração. Na Bahia, a maioria dos crimes teve como alvo a flora; no Maranhão, predominam os registros de poluição. O Rio de Janeiro e a Bahia concentram os maiores percentuais de exploração mineral.
O Piauí também está entre os estados que mais forneceram informações detalhadas para o estudo, ao lado de Pará e Pernambuco. Já outras unidades, como Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo, não disponibilizaram dados sobre povos e comunidades tradicionais. No caso do Ceará, apenas o total de crimes foi informado, sem detalhamento.
De acordo com os pesquisadores, apesar do volume de registros, os dados ainda são considerados limitados, especialmente por não abrangerem impactos sobre grupos como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. A legislação usada como base para o levantamento — a Lei nº 9.605/1998 — não contempla conflitos fundiários nem situações de violência contra populações tradicionais.
O estudo também aponta a falta de padronização na coleta e no tratamento dos dados entre os estados como um dos principais desafios para o monitoramento ambiental no país.
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