A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, está sendo alvo de investigações por supostos desvios no programa Abrace o Marajó, lançado durante o governo de Jair Bolsonaro. A proposta inicial do programa era combater a exploração sexual infantil no arquipélago do Marajó, no Pará, mas, segundo uma apuração do UOL, o programa teria sido desviado para beneficiar igrejas evangélicas e facilitar a grilagem de terras na região.

Irregularidades no processo de concessão de terras
A investigação, que conta com o apoio do Pulitzer Center Rainforest Reporting Grant, apontou que os Termos de Autorização de Uso Sustentável (TAUS), inicialmente destinados a comunidades ribeirinhas, foram utilizados para a construção de templos religiosos. Entre 2020 e 2022, mais de 400 TAUS foram emitidos, liberando cerca de 50 milhões de metros quadrados de terras federais, muitas vezes sem a devida regularização legal.

Irregularidades em documentos também foram encontradas. Em cidades como Bagre e Oeiras do Pará, coordenadas geográficas nos TAUS estavam erradas ou manipuladas, e em Oeiras do Pará, 160 autorizações foram emitidas com a mesma coordenada, enquanto reuniões sobre regularização fundiária aconteciam dentro de igrejas evangélicas.
Outro ponto que levantou suspeitas foi a conexão da empresa Biotec Amazônia, parceira do programa, com Paulo Bengtson, primo de Damares e pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular. Essa relação despertou questionamentos sobre a transparência do processo de concessão das terras.
Além disso, Damares está sendo processada pelo Ministério Público Federal por disseminar fake news sobre meninas marajoaras, com o MPF solicitando uma indenização de R$ 5 milhões por danos coletivos. A ex-ministra, por sua vez, anunciou que retornará ao Marajó em 22 de maio com uma comitiva parlamentar para investigar as denúncias feitas pelos moradores da região. Em paralelo, o Ministério da Gestão afirmou que revisará todos os TAUS emitidos entre 2019 e 2022 para garantir a legalidade do processo.
Dê sua opinião: