Quarta, 16 de julho de 2025, 22:00
JUSTIÇA

PM do MA vira réu pela morte de sargento no Piauí após briga por vaga de estacionamento

Soldado é acusado de homicídio qualificado com 20 disparos; defesa da vítima aponta tentativa de intimidação a testemunha.

A Justiça do Piauí aceitou a denúncia contra o soldado Raimundo Linhares da Silva, da Polícia Militar do Maranhão (PM-MA), pelo assassinato do sargento João de Deus, da PM do Piauí. O crime ocorreu em novembro de 2024, após uma discussão por uma vaga de estacionamento em Teresina.

A decisão é da juíza Maria Zilnar Coutinho Leal, da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Teresina, e torna o militar réu por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e por dificultar a defesa da vítima.

A partir da citação, o réu terá dez dias para responder por escrito às acusações. A magistrada também determinou que ele não pode mudar de endereço sem comunicar o juízo. Caso contrário, o processo seguirá mesmo sem sua presença.

Reconstituição afastou tese de legítima defesa

A investigação, conduzida pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), concluiu que o crime foi premeditado e não houve legítima defesa. De acordo com a apuração, a discussão começou após um leve arranhão em um carro e terminou com mais de 20 tiros, a maioria já com o sargento caído ao chão, dentro da própria residência.

O sargento João de Deus chegou a ser socorrido e passou seis dias internado no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), mas não resistiu aos ferimentos.

“Era para resolver com diálogo, não com pistola”

O advogado da família da vítima, Marcos Vinicius, criticou a conduta do soldado e cobrou medidas mais duras. “Foi um homicídio com duas qualificadoras. O que choca é que eram dois irmãos de farda. No momento em que ocorre um arranhão no para-choque, saca-se uma pistola e faz mais de 20 disparos. Essa pessoa não tem condição emocional de portar uma arma”, afirmou.

A defesa pede a cassação do porte de arma e o afastamento do policial das ruas. “Esse é o novo passo”, pontua Vinicius.

Suspeita de intimidação a testemunha

Horas após a Justiça aceitar a denúncia, o soldado teria aparecido na casa de uma testemunha do caso, o que acendeu o alerta entre os advogados da família.

“Ele estava na porta da casa de uma testemunha pedindo um documento. Que documento? Isso é muito grave!”, declarou o advogado. A defesa classificou o ato como possível tentativa de intimidação, e informou que um boletim de ocorrência foi registrado. A situação será comunicada ao Ministério Público e à Justiça, e pode fortalecer o pedido de prisão preventiva.

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