Quarta, 16 de julho de 2025, 22:35
ENTREVISTA

Ciro Nogueira acusa Rafael de propaganda enganosa e diz que Lula frustra o país; Vídeo

Em entrevista ao Portal Central Piauí, senador fala em frustração com governo federal, desafia governador a apresentar obras.

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente da Federação União/Progressistas, afirmou que o terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem frustrado expectativas e aprofundado divisões no país. Em entrevista exclusiva ao Portal Central Piauí, o parlamentar disse que o governo federal “se transformou em uma decepção” e classificou o atual cenário como uma “guerra entre os Poderes”.

“Prometeu unificar o país, mas optou por um projeto ideológico. Lula hoje é mais um Hugo Chávez do que um Mandela”, afirmou Ciro, ao comparar o petista ao líder africano. Segundo o senador, o Congresso tem atuado como uma espécie de barreira institucional para “impedir que o governo atrapalhe ainda mais a economia”.

Críticas à gestão federal e à política externa

Para o senador, o Palácio do Planalto prioriza cargos e acomodações partidárias em vez de políticas públicas. “É um governo que trouxe de volta a companheirada ao poder e abandonou as pautas do desenvolvimento nacional”, criticou.

Ciro também responsabilizou o governo por desgastes nas relações comerciais com os Estados Unidos, após a imposição de tarifas ao aço brasileiro. “Isso é fruto de uma política externa ideológica que coloca os interesses do partido acima do Brasil”, declarou.

Tensão entre os poderes

O senador se disse preocupado com o que chamou de “escalada institucional” entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Ele mencionou como exemplo o impasse envolvendo o decreto que previa mudanças no IOF, derrubado pelo Congresso e suspenso posteriormente por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A resposta do Congresso foi clara: o país precisa cortar gastos, não criar novos impostos. Por isso, aprovei a emenda que impede aumento de despesas com o novo número de deputados. Não haverá mais gastos com isso”, garantiu.

Relação com Rafael Fonteles e cenário no Piauí

Sobre rumores de um suposto acordo com o governador Rafael Fonteles (PT), Ciro negou qualquer articulação para suavizar a disputa eleitoral de 2026. “Isso é completamente falso. Vamos ter uma candidata forte ao governo, a deputada Margarete Coelho. Ela vai apresentar um projeto alternativo para o Piauí”, afirmou.

Apesar de ter apoiado Rafael no passado, o senador se mostrou crítico à atual gestão estadual. “O governador é só propaganda. Falta água, energia, luz. Até hoje, ele não conseguiu trazer uma única grande indústria para o estado. O porto que ele inaugurou com festa está parado”, disse.

Ciro ainda desafiou o governador a comprovar que repassou mais recursos aos municípios piauienses do que ele. “Se não fosse verdade, ele já teria me desmentido”, declarou. Segundo o senador, todas as emendas são destinadas diretamente às prefeituras e fiscalizadas. “Os prefeitos constroem mais barato do que o governo estadual, que gasta até 50% a mais”, afirmou.

Alianças, prefeitos e oposição

Ciro minimizou as recentes movimentações de prefeitos que deixaram sua base de apoio e passaram a dialogar com o governo estadual. “Não impeço ninguém de conversar com o governador. Como posso exigir isso se eu mesmo converso com prefeitos do PT?”, disse.

Em resposta às declarações do presidente estadual do PT, deputado Fábio Novo, que ameaçou expulsar prefeitos da legenda que apoiarem o senador, Ciro reagiu: “Esse tempo já passou. Ninguém vai impedir que eu trabalhe pelos 224 municípios do Piauí.”

O senador também comentou a crise envolvendo o vice-governador Themístocles Filho (MDB), que estaria sendo excluído da chapa majoritária de Rafael. “Tenho respeito e gratidão por ele. Se houver abertura, vamos dialogar. Ele seria um reforço importante para a oposição”, sinalizou.

Eleições 2026: Senado, governo e até vice-presidência

Em relação ao seu futuro político, Ciro confirmou que pretende disputar a reeleição ao Senado, mas não descartou ser vice em uma chapa presidencial. “Entre o Brasil e o Piauí, eu escolho o Piauí. Mas fico feliz em ter meu nome cogitado para a vice-presidência, especialmente ao lado de nomes como Tarcísio de Freitas”, declarou.

Ciro também comentou a aliança com o PL no estado e a possível candidatura do ex-deputado Mainha ao governo. “É até bom para mim que o PL tenha candidato ao Senado. Isso amplia a distância entre mim e os adversários”, afirmou.

Projeções eleitorais e críticas à atual política

O senador estima que o Progressistas possa eleger de cinco a seis deputados estaduais em 2026 e até três federais, caso tenha um nome forte em Teresina. Ele defende que os votos dos parlamentares que deixaram o partido, como Bárbara do Firmino, Gracinha Mão Santa, Marden Menezes e Thales Coelho, “ficam na oposição”.

“Esses votos não são boiada. Vamos ver o resultado de quem mudou de lado. A oposição vai ter uma votação significativa”, previu.

Legado e ambição

Ao final da entrevista, Ciro avaliou sua trajetória e foi questionado sobre o que ainda lhe falta realizar na política. “Tenho orgulho de ter levado obras aos 224 municípios do Piauí. Se a população entender que ainda posso contribuir, estarei à disposição. Meu projeto é o Piauí”, finalizou.

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