Uma investigação publicada pela colunista Nathalia Portinari, do UOL, revelou que empresas ligadas à família do senador Marcelo Castro (MDB-PI) têm acumulado mais de R$ 2 bilhões em contratos públicos no Piauí desde 2019. Segundo a reportagem, os negócios são favorecidos por um ciclo completo de influência política, que vai desde o envio de recursos federais até a execução das obras.
De acordo com a apuração, o grupo formado por três construtoras Jurema, Ótima e Renata, controladas por irmãos e um primo do senador tem vencido licitações de forma recorrente, mesmo em processos marcados por desclassificação de concorrentes e critérios técnicos questionáveis.
“A empresa ligada ao irmão do senador, por exemplo, venceu uma licitação de R$ 482 milhões após todas as outras participantes serem inabilitadas. A proposta dela sequer era a mais vantajosa. Esse grupo atua apenas no Piauí e em obras com forte influência do senador Marcelo Castro”, afirmou Portinari em vídeo publicado pelo UOL.
As construtoras citadas atuam em contratos de pavimentação e infraestrutura no estado. Um dos casos mais recentes envolve a pavimentação da BR-330, com 114 km de estrada entre as divisas com Maranhão e Bahia. A Construtora Jurema, pertencente ao irmão João Castro, foi escolhida mesmo com proposta superior às de concorrentes que foram eliminadas.
Segundo a matéria, a influência política da família também se estende aos órgãos responsáveis pelas licitações. O Departamento de Estradas de Rodagem do Piauí (DER-PI), que contratou diversas obras, foi comandado entre 2017 e 2022 por José Dias de Castro Neto, filho do senador e atual deputado federal. Já o IDEPI (Instituto de Desenvolvimento do Piauí), responsável por outro contrato milionário, é comandado por Felipe Eulálio, primo do presidente da Assembleia Legislativa do Piauí, deputado Severo Eulálio (MDB).
A reportagem destaca ainda uma mudança controversa na ordem das etapas da licitação que favoreceu a Construtora Jurema. O governo estadual inverteu o processo legal, analisando a documentação das empresas antes das propostas financeiras o que é permitido apenas em situações excepcionais, mas foi usado como justificativa técnica.
Em nota, o DER-PI argumentou que a inversão teve como objetivo "minimizar custos adicionais e atrasos na prestação dos serviços".
Dê sua opinião: